Eu queria não ter lido nada a respeito, queria não saber que
aconteceu.
Queria simplesmente não olhar mais nada.
Mas nada disso apaga o que aconteceu.
Infelizmente temos em nossa cultura uma forte raiz do
estupro.
Conhecer ou não conhecer a vitima não nos abona da
responsabilidade que temos sobre isso. Denuncie, assobios, assédios, estupros.
O fato de ter sido 30 não é pior do que aquela que sofre de
um.
O fato de ter sido premeditado pelo namorado não é pior do
que aquela que sofre de um desconhecido.
Existe, o mal existe.
Está aos olhos de todos. Está ao conhecimento de todos.
Não quero olhar mais nenhuma imagem sobre isso, nenhuma
montagem, nenhuma charge. O que lemos já nos dá a pior sensação que poderíamos
ter.
Não era minha amiga, não é minha vizinha, muito menos
parente, mas é mulher, assim como eu, como as minhas irmãs, a minha mãe e as
minhas amigas.
“Quando uma mulher é
estuprada, toda mulher é estuprada.
Porque
quem estupra não analisa classe social, comprimento da saia, nem cor do olho.
Quem
estupra, estupra.
A
menina do morro
A
sua filha
A
sua mulher
A
sua irmã
UMA
MULHER FOI ESTUPRADA.
TODOS
NÓS FOMOS ESTUPRADOS.”
(Ruth Manus – para O
Estadão)
Ainda vamos ler e ouvir de pessoas que a culpa era dela, por
ter namorado um cara que não conhecia a sua família, e inventarão mil e um
motivos para dizer que a culpa é da vitima.
Mas não reconhecerão que aquele que tem a maldade no olhar,
nas mãos e na mente, é o agressor. Desejarão a sua morte, uma vez que
determinaram na vida dela a morte dos seus sonhos, mas quem vai viver
amedrontada é a vitima.
Não pensam na vida que ela desejou pra si.
E tudo isso por causa de ciúmes. Uma suposta traição.
Não quero revelar os motivos, nem tão pouco fazer uma notícia
apenas levantar uma questão muito importante a ser repensada, até quando
ouviremos “baile de favela” achando que é legal?
“E os menor preparado pra foder com a xota dela
(vai)”
Estupro coletivo.
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